terça-feira, 23 de agosto de 2011

Red Bull e Benetton: Cara de uma, focinho da outra.


Historicamente falando, será que há duas escuderias tão semelhantes na Fórmula 1 como Red Bull (ou, como Galvão Bueno adora dizer: RBR), e Benetton? Muito provavelmente, não...

Analisando com calma, percebe-se que tudo na história das duas é convergente. Ambas surgiram da compra de times que tinham potencial, mas que terminaram caducando. A Benetton comprou a Toleman, e a Red Bull, a Jaguar. Ambos os times que foram comprados tinham em comum a promessa não-concretizada que foram, sendo que a Toleman nos anos 80 foi mais longe, conseguindo até pódios, ao passo de que a Jaguar foi uma mega-estrtutura emperrada (bancada pelo grupo Ford, dono da marca do felino saltador na época), que jamais conseguiu sequer um pódio.

Outra forte semelhança se dá exatamente na proposta de ambos os times: chegar com força e crescer rápido. Além disso, ambas tinham um apelo comercial fora do circo da F-1, já que a Benetton é uma marca de roupas e a Red Bull, de energéticos. Isso deu uma imagem mais classuda no caso do time italiano, e mais jovial e esportiva, no caso do austríaco. A imagem que cada uma carrega (carregou, no caso da Benetton) na essência é a mesma, de um time descolado e irreverente, tendo sempre na figura dos pilotos os melhores garotos-propaganda disso.

A única diferença real entre as duas se dá no início de cada uma. A Benetton (criada em 1986) só conseguiu um carro realmente regular de 1991 em diante, mas sempre estava entre os ponteiros, inclusive conseguindo por vezes pódios e uma isolada vitória. Já a Red Bull não conseguia pódios com tanta facilidade, ainda que também tenha sido relativamente regular. Mas também quando desatou a conseguir...

Em compensação, houve praticamente o mesmo ponto de virada em ambas. A partir de 1992 na Benetton, e de 2009 na Red Bull, e junto a isso tiveram o maior ponto em comum: um jovem piloto alemão, que mostrou serviço logo de cara e que conseguiu dar aos times resultados nunca alcançados antes. Logicamente, estamos falando de Michael Schumacher e Sebastian Vettel.

Schumacher, na cúpula colorida da Benetton, se aproveitou da capacidade técnica do time, e dos bons propulsores Ford-Cosworth, para ganhar respeito logo nas primeiras corridas. É bem verdade que tão logo impressionou o circo na sua primeira corrida pela Jordan, foi parar na Benetton. Já Vettel, penou algumas (poucas) temporadas no time-satélite da Red Bul, a Toro Rosso. Entretanto, o jovem alemão conseguiu em duas temporadas o que todos os outros pilotos que passaram por lá até hoje conseguiram: uma vitória. Foi para a Red Bull com muita gente apostando nele, e retribuiu as apostas com poles, pódios e um vice-campeonato logo em sua primeira temporada pelo time. Ou seja, em seus respectivos tempos eles se tornaram os homens a serem batidos, nos times a serem batidos.

Se não bastasse o fato de uma parecer a reedição da outra, o mesmo se vale dos pilotos. Graças aos meteóricos resultados, Vettel tem sido chamado justamente de “novo Schumacher”. E ainda mais que no ano passado, tem se mostrado o homem de frente da Red Bull, atingindo grandes resultados e cobrando igualmente da equipe.

Um grande projetista também é (foi, no caso da Benetton), um grande nome. Rory Byrne criou as Benetton “bico-de-tubarão” com as quais Schumacher atazanou a concorrência. Mais tarde o brilhante sul-africano continuaria criando obras-primas, mas dessa vez na Ferrari. Seu grande rival nos tempos de Benetton era justamente o cérebro por trás da aerodinâmica da Red Bull: Adrian Newey. O inglês era justamente da arqui-rival Williams nos anos 90. E posteriormente iria para a McLaren. Hoje, Byrne trabalha como consultor na Ferrari, e Newey segue fazendo maravilhas na Red Bull, onde tem liberdade total de criação.

A imagem de um grande chefe também surge como - mais um - ponto em comum, mas com ressalvas. Enquanto que na Benetton havia a figura esperta e astuta (e até razoavelmente traiçoeira) de Flavio Briatore, na Red Bull há a figura mais pacificadora e sábia de Chris Horner. O chefão do time do touro vermelho nunca privilegiou (ao menos de maneira escancarada) somente um piloto, ao passo de que na Benetton era latente a preferência de Briatore por Schumacher, que tinha o carro literalmente projetado para o seu estilo de guiar.

Nas duas, o mesmo motor. Em 94, é verdade, o motor da Benetton era Ford. Mas em 95, onde Schumacher brilhou mais, com nove vitórias e dois pódios o propulsor era Renault, mesma marca que deu o título a Vettel em 2010. Coincidência ou não, Vettel foi campeão em cima da equipe-mãe da Renault, que antigamente era a... Benetton!

Logo, depois de tantos pontos em comum, talvez não seja exagero dizer que a Red Bull nada mais é que uma Benetton do século XXI. Muito mais que a própria Renault!

2 comentários:

Anônimo disse...

A Jaguar fez dois pódios na sua história. Um em Monaco no ano de 2001 com o Irvinee em Monza no ano de 2002 também com o Eddie Irvine.

Pedro Ivo disse...

Opa, muito obrigado pela retificação!