Notadamente um dos traços estilísticos bastante comum nas últimas décadas da primeira metade do século XX, a art déco deixou os estúdios e as fachadas dos prédios e edificações das cidades para ganhar também as ruas.
Bugatti 57 SC Atlantic
Fabricantes como a Talbot, Delahaye, Duesenberg, Bugatti e Hispano Suiza, marcaram o design automotivo inspirados nesta escola de arte, que teve seu age nos 1920, que tinha como características linhas circulares ou retas estilizadas, como as vistas no famoso modelo H6C Dubonnet Xenia, da Hispano Suiza em 1938, ou nos roadster e outros esportivos da Delahaye.
Hispano Suiza H6C Dubonnet Xenia
Quase um século depois, a tendência art déco parece ter voltado. Ao menos em traços de alguns modelos exibidos durante a 89a edição do Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, que aconteceu entre os dias 7 e 17 de março e que se tornou uma das mostras mais interessantes desta década, que teve crises no início como a que fez desaparecem marcas de peso como a Saab, Pontiac, Mercury, Oldsmobile, Hummer, entre outras ou falecer de vez nomes como Maybach e De Tomaso.
Bugatti La Voiture Noir, modelo único relembra linhas art decó
Saudosismos à parte, o certo é que a mostra suíça conseguiu reviver os anos de ouro do movimento artístico. Para comemorar o seus 110 anos, a sofisticadíssima marca franco-italiana Bugatti, apresentou o La Voiture Noir, que relembra o charmoso 57 SC Atlantic dos anos 1930, época que a fabricante despontava como a mais glamourosa marca automotiva, presente na garagem de magnatas, astros e estrelas da música e da época de ouro de Hollywood.
Diferentes das releituras automotivas do início dos anos 2000, esta nova leva saudosista tratou de modernizar as linhas mas carregando traços marcantes de modelos anteriores. No caso do bólido da Bugatti, a linha reta que dividia o 57 SC Atlantic se estendendo do capô até o pára-choque traseiro está também presente no La Voiture Noir. Porém no modelo clássico ela bipartia o pára-brisas traseiro, no caso da versão moderna ela serve como uma divisão dos respiros do capô traseiro.
Hiperesportivo franco-italiano tem motor W16 de 1.500 cv do Divo.
Sob o capô do hiperesportivo da Bugatti, um potente W16 de 8.0 litros descarrega nada menos que 1.500 cavalos de potência e 163,2 Kgm/f de torque.Este mesmo motor é utilizado por outra joia da coroa francesa, o Bugatti Divo.
Sem tantos holofotes, mas também com um ar carregado de art déco, outra marca bastante badalada da época das melindrosas e do jornal Fon Fon, a Hispano Suiza, marca que como o próprio nome suscita, é espanhola e de sangue quente, também apresentou seu bólido ornado com linhas da velha escola da fabricante criada pela família Suqué Mateu em 1904, e comprada pelo grupo francês Sáfran em 1920.
Ao contrário do modelo franco-italiano, o carro da marca franco-espanhola possui um motor totalmente elétrico e leva o nome da neta do criador da marca, Carmen Mateu. O bólido tem chassi confeccionado em fibra de carbono. O propulsor de 750 kW, aliado ao baixo peso da carroceria (1.690 Kg), também contribuiu para que, segundo a marca, o modelo alcance números na pista como aceleração de 0 a 100 Km/h em menos de três segundos. A velocidade é limitada eletronicamente aos 250 Km/h.
Ares futurísticos continuam presente nos modelos quase um século depois
Portas asa-de-gaivota e interior luxuoso marcam o modelo da Hispano Suiza.
Um pouco mais democrático é o hiper elétrico da Hispano Suiza. Serão produzidas apenas 19 unidades do Carmen, a serem entregues a partir de 20 de junho do ano que vem, cada uma custando 'apenas' 1,5 milhão de Euros. As últimas unidades do modelo deverão chegar as garagens em 2021. Bom retorno para a marca há muito esquecida e que volta vestida à antiga mas com os pés já adentrando o futuro da indústria automotiva.